Quando o “novo normal” passar, o que ficará de aprendizado sobre saúde mental?

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Renata Lage

CEO Mental PRO

Quando o “novo normal” passar, o que ficará de aprendizado sobre saúde mental?

Nos últimos anos, a consciência popular em torno da saúde mental, como uma questão social importante, tem aumentado em um ritmo mais rápido do que nunca, principalmente, após a COVID-19.

O aumento da conscientização pode ser atribuído, por exemplo, a campanhas bem-sucedidas de celebridades e de outras figuras públicas, que se abrem sobre suas lutas nas redes sociais. Tudo isso, está ativamente normalizando a conversa sobre saúde mental, o que leva a cada vez mais pessoas se sentirem confortáveis em compartilhar suas próprias histórias.

Entretanto, até a pandemia, essa normalização do cuidado com a saúde mental caminhava lentamente dentro do meio corporativo, muito por conta da falta de um ambiente organizacional seguro para esse tipo conversa, mas, especialmente, por conta de lideranças desinformadas e de um departamento de recursos humanos com pouca liberdade para ser humano de verdade.

Por um longo tempo, foi fácil para as pessoas empurrarem a saúde mental para baixo do tapete e, simplesmente, fingirem que nada estava acontecendo, mas, e agora, com tantos dados disponíveis e com tantas pessoas lutando contra seus sofrimentos, como ignorar?

Neste momento, é preciso admitir não só o esforço que muitas organizações têm feito para ajudar no bem-estar de seus funcionários, mas também que gestores se reinventaram para poder guiar melhor suas equipes e RH’s suaram a camisa para cuidar das pessoas dentro das empresas.

Entretanto, fico me perguntando:

Será que estamos vivendo uma mudança de paradigma? Ou estamos só nos adaptando a este momento de caos? E quando a onda de “novo normal” passar, o que ficará? Existirá zelo por pessoas com transtornos mentais dentro das empresas?

Desejo que as empresas comecem a ver que saúde mental não é gasto, é investimento. Há retorno em produtividade, em gastos com saúde, em segurança e em satisfação dos colaboradores, sem contar os inúmeros ganhos intangíveis.

Desejo que as lideranças tenham conhecimento básico em saúde mental. A desinformação é um perigo e pode ter resultados catastróficos. Seria ótimo se todos fossem empáticos e tivessem uma postura altruísta diante de um empregado em sofrimento, mas não estou falando disso, estou falando de conhecimento bruto, conceitos, saber o que são os transtornos, como uma pessoa se sente em um episódio de depressão, de pânico, ou de qualquer outro problema. Tenho certeza de que teríamos uma evolução incrível no acolhimento.

Desejo um RH livre, com capilaridade estratégica para alcançar quem quer que seja, respaldado pelo o que lhe faz existir: fazer com que cada empregado entregue o que tem de melhor para contribuir com o sucesso da sua organização. Somente com saúde mental, as pessoas conseguem entregar toda sua capacidade/talento. Fico feliz que já consigo ver companhias com maturidade para falar em felicidade corporativa, mas a maioria ainda precisa resolver suas questões de saúde, afinal, somente com cuidado integral é possível promover o verdadeiro bem-estar.

Mais do que nunca, com a pandemia, estamos tendo uma oportunidade muito grande de entender sobre o sofrimento humano e a conscientização sobre saúde mental só tem a crescer, mas e como ficará isso dentro do meio corporativo? Vamos aprender a lição ou vamos deixar essa oportunidade de mudança passar?