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Bem-estar organizacional: o pragmatismo e as melhores escolhas

Renata Lage

Renata Lage

CEO Mental PRO

Bem-estar organizacional: o pragmatismo e as melhores escolhas

Olhar para o lado e ver o que o mercado tem feito para uma atuação estratégica corporativa, pode nos levar a não enxergar a própria situação e acabar não considerando as suas consequências.

Com ações de bem-estar organizacional não é diferente, ao decidir por uma ação, à primeira vista, útil, não se considera a complexidade do cenário para traçar uma potente estratégia. Ou seja, ao ser pragmático, ignora-se a necessidade de um olhar mais cuidadoso para as principais causas que estão envolvidas com o fato.

E foi isso que aconteceu durante a pandemia da covid19, uma vez que as empresas se viram com a necessidade de levar algum tipo de suporte emocional para seus colaboradores. Naquele momento, a única maneira de se fazer isso parecia ser a disponibilização de benefício de terapia online para todos.

Entretanto, passados alguns meses dessa experiência, o que se viu foi, por um lado, a baixa aderência dos colaboradores por esse tipo de benefício, e por outro lado, o crescimento acelerado das healthtechs desse ramo. Ou seja, o crescimento do business contrasta com a utilização do produto.

O que nos faz pensas: será que para levar bem-estar mental para os colaboradores dentro das empresas é necessário a disponibilização de terapia online? Ou será que o “ter que fazer alguma coisa” durante aquele período fez com que essa escolha fosse tomada?

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em setembro de 2022, lançou um guideline fazendo recomendações de como as empresas devem agir para levar melhor bem-estar mental para seu time. Nesse documento, quando se fala em prevenção, a alternativa recomendada é a gestão das condições psicossociais, ou seja, as organizações devem agir naqueles fatores que podem elevar o risco de alguém adoecer mentalmente.

De maneira mais direta, antes de pensar em entregar um benefício de terapia online, as empresas deveriam gerenciar essas condições que passam por: como que o trabalho está organizado, como estão configuradas as relações hierárquicas, como está o ambiente organizacional, entre outras.

Costumo dizer que se o que leva o seu colaborador ao estresse, e por consequência, ao adoecimento mental é, por exemplo, falta de autonomia para trabalhar, não adianta, simplesmente, a empresa mandar o colaborador para terapia se ela não se ocupar de dar autonomia para seu empregado.

Os benefícios de terapia online, quando disponibilizados dentro de um contexto são úteis, entretanto a maneira pragmática com que eles foram escolhidos como uma estratégia de cuidado, não se mostrou eficiente para as organizações e seus usuários.

Portanto, para começar a gerenciar as condições que elevam o risco dos empregados adoeceram, que é o que deveria ser feito desde o início, será necessário quebrar o status quo.